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Entenda a crise do dólar


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A seguir a BBC Brasil responde a uma série de perguntas para explicar por que a moeda americana vem oscilando tanto e quais são as conseqüências para a economia em geral.

Por que o dólar está subindo tanto?

Um dos principais motivos é o fato de empresas e bancos brasileiros estarem buscando a moeda americana. "Em geral, são esses dois grupos que têm dívidas em dólar e, portanto, precisam comprar moeda estrangeira para honrar seus compromissos", diz o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. A crise financeira fez secar as fontes de crédito internacional, reduzindo a liquidez (dinheiro disponível) no mercado. A grande procura pela moeda faz aumentar sua cotação. Um outro agravante é que, em função da instabilidade, algumas empresas e instituições bancárias acabam comprando dólares a mais, por precaução. Cria-se, assim, uma profecia auto-realizável: o dólar sobe, as empresas se assustam, compram mais do que o necessário - e acabam forçando a cotação para cima.

Existe algum tipo de movimento especulativo?

Não há consenso. Na realidade, não há como saber se determinada empresa está comprando dólar porque precisa da moeda estrangeira ou porque pretende "apostar" na valorização. Na avaliação de Agostini, é muito pouco provável que haja especulação. "Não vejo hoje uma desconfiança em relação à moeda brasileira, como já aconteceu no passado", diz. Entre os fatores que contribuíram para uma maior credibilidade em relação ao real estão o equilíbrio das contas externas e um "colchão" de dólares razoável, na forma de reservas internacionais.

A saída de investidores estrangeiros também pressiona o dólar?

Sim. Nos três primeiros dias de outubro, a diferença entre entrada e saída de investimentos estrangeiros na Bovespa ficou negativa em R$ 1,4 bilhão. Em outubro do ano passado, esse valor ficou positivo em R$ 1,4 bilhão em todo o mês. Esse movimento é comum em momentos de instabilidade financeira, com os investidores buscando aplicações que consideram mais seguras. E apesar de a crise vir dos Estados Unidos, os títulos do tesouro americano e o dólar são vistos como um porto seguro pelo investidor, valorizando ainda mais a moeda americana.

Qual a relação do câmbio com a inflação?

Uma extensa lista de produtos consumidos no Brasil tem seu preço influenciado pelo dólar, como o petróleo. Logo, dólar mais caro significa produtos também mais caros nas prateleiras, pressionando a inflação para cima. Estima-se que 33% dos itens do IPCA sofram influência da moeda americana. Por esse motivo é que o dólar em alta preocupa tanto o Banco Central.

Como o dólar mais caro afeta as empresas?

O câmbio é um fator extremamente relevante para as empresas que participam do comércio internacional, exportadoras ou importadoras. O dólar em alta favorece as exportadoras, pois suas receitas são em moeda estrangeira. Já as importadoras sofrem nesse cenário, pois seus custos são calculados em dólar. Grandes empresas costumam se proteger das variações cambiais, por meio das chamadas operações de hedge. A empresa fixa um valor para o dólar e, se a moeda subir (ou descer) até esse patamar, a companhia está segurada. Algumas empresas, porém, não imaginavam que o dólar fosse subir tanto, em tão pouco tempo. Foi o que aconteceu recentemente com a Sadia e com a Aracruz, que perderam dinheiro por causa da subida da moeda americana. Para os analistas de mercado, é provável que outras empresas também tenham sofrido com a oscilação brusca do dólar. É provável que algumas empresas, que realizaram um seguro cambial insuficiente e estavam expostas à alta do dólar, estejam também em busca da moeda.

O dólar pode chegar a R$ 3?

Os economistas dizem que essa é, atualmente, "a pergunta de US$ 1 milhão". O comentário é de que não é impossível, mas também não é provável. Além da crise financeira, que pode se agravar, existe ainda um importante fato político no caminho: a eleição presidencial nos Estados Unidos. Após esse evento, os analistas de mercado acreditam que é possível o dólar recuar, voltando ao patamar de R$ 2 até o final do ano.

O governo pode "mexer" na taxa de câmbio?

A taxa de câmbio no Brasil é flutuante e, portanto, definida livremente pelo mercado. No entanto, o Banco Central costuma agir sempre que existe uma grande volatilidade. Nesses casos, a autoridade monetária realiza leilões - seja de compra ou de venda. Nos últimos dias o BC vinha realizando leilões de venda de dólar no mercado futuro - os chamados leilões de swap cambial. Diante da disparada do dólar frente ao real, o Banco Central optou, nesta quarta-feira, 8, por uma operação ainda mais dura: a venda de dólares no mercado à vista, algo que a autoridade não fazia há cinco anos. O objetivo é fornecedor dólares ao mercado e, assim, amenizar a alta. O Banco Central diz, porém, que não existe meta para a taxa de câmbio.

'Cause he's my best friend, he's my pal. He's my homeboy, my rotten soldier. He's my sweet cheese. My good-time boy.

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