CEO do GoDaddy perde clientes por caçar elefantes

[AngelCosta]

O GoDaddy é uma das maiores empresas de registro de domínio - se não a maior. Seu CEO, Bob Parsons, famoso por seu interesse em corridas e outros esportes radicais, possui um blog, ou melhor, um videolog onde posta dicas de como ter sucesso no mundo dos negócios e na vida. Ele também posta vídeos no Video.me, também de propriedade da sua empresa. Um destes vídeos, entretanto, causou um certo problema ao Sr. Parsons no mês de março. O vídeo em questão mostra o CEO caçando e matando elefantes no Zimbábue - e como se não fosse suficiente o animal ainda é "fatiado" e distribuído ao povo do vilarejo.

 

 

No vídeo, a narração demonstra que o intuito é caçar o animal que está atrapalhando as plantações e saciar a fome da vila. As reações foram imediatas - o vídeo já tem mais de 700 mil exibições, perda de vários clientes e um "prêmio" do PETA (People for Ethical Treatment of Animals) como "scummiest CEO of the year".

 

Em uma época de energias limpas e renováveis, reciclagem, green hosting, o erro de Parsons é inadminissível - qualquer que seja o motivo dado para a caçada. Os resultados refletiram direto no bolso (dados do Webhosting.info):

 

[caption id=attachment_4578" align="aligncenter" width="550" caption="Análise de perda de domínio][/caption]

 

Para não ficar de fora, o NameCheap lançou um hotsite, http://www.savetheelephants.org/, que já arrecadou 20 mil dinheiros americanos. A maioria das empresas de hospedagem americanas de grande porte que também registram domínios aproveitaram a onda para oferecer pacotes especiais para clientes vindos do GoDaddy.

 

Ignorando este infeliz acidente, o videolog é muito bom e traz dicas excelentes. Curiosamente, o primeiro vídeo depois da "tragédia" é sobre 4 dias no Haiti.

[Visitante]

Horrível o que esse cara faz.Mais horrível é ver o povo daquele país disputando a carne do elefante morto.Naquele país a inflação é absurda. Quanto custa uma água mineral? 95,635,000 milhões de dólares de zimbábue. Uma refeição (supomos que essa seja completa)? Aproximadamente 1 bilhão de dólares de zimbábue. Para um país que convive com inflação de 231,000,000% (oficial de Jullho 2008) não deve ser nada demais pagar mais de 1 bilhão de dólares da moeda local para jantar num hotel. Só para  informação, 1000 reais equivalem a mais de 160 mil dólares de zimbábue logo R$1,00 equivale a U$160,00 de zimbábue. Por isso tanta fome e miséria. Podemos fazer o seguinte... Ao invés de tentar proteger os animais, por que não juntamos comida e levamos até eles. A humanidade está preoculpada com muitas coisas, tartarugas marinhas, elefantes, boto rosa, mico leão dourado, urso panda, cada bicho de um ponto distinto do planeta, mas, infelizmente, esquecemos da nossa própria espécie, esta qual chamamos de irmãos ou o próximo como diz a Bíblia. Pára o mundo que eu quero descer. Mas, não concordo nem um pouco com ele ter matado o animal. Só para comentar o vídeo. Abçs

[Visitante]

A questão central não é esta. A preocupação com a humanidade assemelha-se com a preocupação com os animais. Seria pura arrogância dizer que somos mais importantes que qualquer outro ser que habita o planeta, pois de fato não o somos. Não passamos de mais um integrante na cadeia alimentar que, como qualquer outro, tem de fazer adaptações às mudanças que ocorrem periodicamente no planeta. Dizer que um merece mais ajuda do que o outro é pura arrogância. Todos merecem ser ajudados, principalmente aqueles que normalmente são vistos como irracionais. Ora, se assim o são, quem deverá ajudá-los? Nós, é claro - em referência aos animais. Sem sombra de dúvidas eu me comovo - e muito - com a situação do povo que lá está, mas é demagogia demais (não estou dizendo que é o seu caso) falar e não mover um dedo para mudar a situação. Não precisamos ir até o continente Africano para perceber a miséria, temos exemplos claros em nossas próprias cidades. Pessoas que, por conseqüência de atitudes erradas, acabam fadadas à miséria.  A conscientização e a pena são importantes, mas não obstante para resolver ou ajudar a resolver uma situação. A outorga de uma responsabilidade que é comum a toda a população mundial acaba por não trazer benefício algum ao problema. Sobre o Bob Parsons, realmente não me espantou muito. Sempre que via os seus vídeos em seu vlog pessoal/profissional, percebia uma certa arrogância no modo de agir. Na época, puro pré-conceito, agora, conceito formado. Não acredito que os fins justifiquem os meios. Não adianta justificar que uma caçada babaca e ignorante como esta foi feita como forma de ajudar a população local. Asseguro que a quantidade de carne obtida do elefante - apesar de seu tamanho - não é comparável à quantidade de dinheiro que o senhor Parsons gastou em sua viagem ao país, ficando nas suítes mais luxuosas de algum hotel (sim, há hotéis de luxo em países defasados, mais do que imaginamos...), comeu os melhores pratos típicos locais e, sem dúvida, esbanjou muito dinheiro na viagem. Balas de carabinas de grande porte não são baratas. Querer ajudar é algo muito positivo, mas não podemos justificar um capricho próprio como sendo algo benéfico para os outros. Há outras maneiras de se ajudar, como a doação de XY% dos domínios registrados de um TLD específico para alguma causa social de apoio econômico ao país em questão. São várias formas de ajudar e não simplesmente matar um animal que poderia ser manejado de outra maneira. Avaliando o tempo de vida de cada espécie, devemos reconhecer que os animais lá estavam ante das plantações, então, por direito e respeito à Lei de talião, os elefantes, em detrimento de seus ancestrais mamutes poderiam dizimar todo o povo que lá vive. Claro, um absurdo, mas é o ponto de convergência dessa discussão. O erro ainda foi além: Usaram o mesmo estilo de produção dos vídeos com dicas do vlog dele (produção da GoDaddy); Atrelaram a filmagem ao video.me, como a Angélica disse, também da GoDaddy, etc. Acredito que falar sobre direitos básicos à cidadania, direitos dos animais, espaço, poder, caprichos próprios e tantas outras coisas ainda são um pequeno tabû. Quando vi esse post pela primeira vez, lembrei-me na hora do dia em que vi a publicação e a repercussão do vídeo. Pensei em não comentar, crendo que não teria tempo hábil para redigir e expressar a minha opinião, mas não pude me calar diante de uma cena horrível como esta.

[Visitante]

Vaca pode, elefante não? Obs.: Adoro um churrasco.

[Visitante]

Esse não é o ponto. Seria hipocrisia demais pensar que 'uns podem, outros não'. O que não se justifica foi a forma de fazê-lo e pior, a forma com a qual se propagou, como se fosse uma ajuda a uma população desesperada. Existem outras formas melhores de se ajudar uma comunidade necessitada.  O que se fez foi buscar justificativas para uma prática que, se não for ilegal no país, é, pelo menos, anti-ética numa visão geral.  Enfim, é uma questão de ponto de vista, mas na MINHA opinião, não há justificativa que seja suficiente para provar que o Parsons foi um bom samaritano nesta situação.

[Visitante]

Concordo que ele não foi um bom samaritano, mas ele não fez nada que a população não quisesse. Enfim, para mim, matar galináceos e bovinos são tão anti éticos quanto matar um elefente para consumo. Abraços.

[Visitante]

Não sabemos ainda qual foi o anseio da população - e creio que não saberemos. Porém, há outras tantas preocupações que poderiam chamar a atenção, não apenas de Parsons, mas de outras pessoas com poder aquisitivo maior, como por exemplo uma ajuda de fato à reconstrução cívica e econômica do país.  O meu comentário não foi feito com base na ética de comer elefante, eqüinos, bovinos, ou o que quer que seja. A questão principal gira em torno do fato de ele ter se demonstrado como um salvador local. De qualquer modo, entendi o seu ponto de vista e concordo que não podemos julgá-los pelo que comem, afinal comer vaca na Índia é uma afronta às Leis divinas e humanas. Um abraço.