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CGI.BR se opõe ao registro do gTLD .AMAZON pela Amazon, Inc.


Renato Frota

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Pra quem não entendeu patavinas do link acima e não tá com paciência pra ler tudo, segue um resumo (conforme a minha interpretação da coisa toda, talvez o @rubensk tenha algo a me corrigir):
 
A Amazon quer criar (e gerir) o gTLD .AMAZON. A ICANN (organização responsável pela gestão de domínios internacionalmente e dos gTLDs) receberia uma bolada no negócio, como em qualquer implementação de novo gTLD (boladas essas que são sempre revertidas à pesquisa e desenvolvimento da Internet no mundo todo, que fique claro).
 
Seria o óbvio a ICANN aceitar essa candidatura sem pensar muito, podendo até botar o preço nas alturas (assim como fizeram com .globo, .bradesco e outros gTLDs associados a marcas) mas, os caras pensam muito (ainda bem) e, prevendo (acertadamente) que pudesse dar treta, avisou a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), uma organização composta por 8 países criada para defender e preservar a Amazônia (que é justamente, "Amazon", em inglês). A OTCA se opôs à criação do gTLD .AMAZON e a ICANN barrou - momentaneamente - o pedido.
 
A Amazon vem tentando negociar com a OTCA, fazendo concessões cada vez maiores, inclusive se dispondo a criar e manter um site de informação cultural e apelo social a respeito dos povos Amazonas, fazer uma generosa doação à OTCA e, até mesmo (o que eu acho que seria muito interessante - e, até onde sei, inédito), uma gestão compartilhada do gTLD (o que permitiria tanto a Amazon criar domínios .AMAZON - como store.amazon, loja.amazon, usa.amazon, brasil.amazon e por aí vai - quanto os 8 países da OTCA criarem sites usando esse mesmo gTLD para seus próprios propósitos, como otca.amazon, cultura.amazon, culture.amazon, info.amazon, qualquerevento-ou-causa.amazon, etc etc). A OTCA vem rejeitando todas as propostas.
 
A ICANN disse que, devido aos constantes adiamentos e por nunca chegarem num acordo, ela mesma tomaria uma decisão na próxima conferência (A ICANN Conference 64), entre seus membros da cúpula e conselheiros.
 
A CGI.BR poderia se posicionar à favor da ICANN tomar a decisão por conta própria ou se opor - o que fez - pedindo que aguardem, pelo menos, até a conferência seguinte, ICANN 65, pra ver se a OTCA e a Amazon conseguem chegar a um consenso entre eles até lá.
 
Destaco que a CGI.BR, teoricamente, não apita nada nessa questão, só está dando sua opinião e pedindo que não interfiram antes da ICANN 65. A decisão é da ICANN (ou da Amazon + OTCA, se eles pararem de frescura e resolverem logo entre si). Porém, a CGI.BR já vem "lembrando" a ICANN desde 2013 (quando a Amazon entrou com a primeira candidatura ao .AMAZON) os compromissos firmados pela ICANN quando abriu o sistema de domínios gTLDs: https://cgi.br/resolucoes/documento/2013/011 (a ICANN disse que não permitiria a criação de gTLDs com referência a regiões geográficas sem anuência dos governos).
 
Obs: já tem outros gTLDs com referência a regiões geográficas, como o .asia (este teve aval dos países asiáticos e a ICANN autorizou, foi um processo relativamente simples).
 
Pessoalmente, não sei quais são os "interesses" que a OTCA quer preservar impedindo que a Amazon compre esse gTLD, ainda mais oferecendo grana e gestão compartilhada. Só falta a ICANN negar, a OTCA também não usar (ela nem se candidatou, ela só não quer que a Amazon use!) e virar um gTLD fadado ao limbo.
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  • A Amazon não está sugerindo gestão compartilhada, e sim algum poder de veto (ex: o Brasil poder vetar acre.amazon). Também não está oferecendo dinheiro, apenas brindes em serviços da Amazon, tipo dar espelhinhos para os índios...
  • A ICANN não pode cobrar o preço que quiser por um TLD; os únicos em que ela recebeu algum valor a mais foram os que tinham mais de um candidato e foram a leilão, como o .web que saiu por 135 milhões de dólares. No caso da Amazon, apenas a Amazon, Inc. que conhecemos do amazon.com se candidatou. 
  • O .amazon sugerido pela Amazon não é para uso regional ou para uso compartilhado dela+regional; é para um TLD de uso exclusivo da própria Amazon. 
  • Havia reuniões da OTCA previstas sobre isso, mas a instabilidade política na Venezuela (um dos países membros) não está ajudando nesse aspecto. Qualquer representante que fosse implicaria aceitação ou do governo Maduro ou do governo Guaidó como legítimo, e os outros países da OTCA estão divididos nisso, com alguns reconhecendo Guaidó (como o Brasil e a Colômbia) e outros que não (como a Bolívia). 
  • A posição do CGI.br é contrária ao .amazon da Amazon, mas a carta em questão era apenas um pedido para a ICANN adiar a decisão já que as conversas da OTCA não tem sido possíveis. 
  • Como o .amazon só teve um candidato, se essa candidatura for indeferida, esse .gTLD não existirá. 
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1 hora atrás, rubensk disse:
  • A Amazon não está sugerindo gestão compartilhada, e sim algum poder de veto (ex: o Brasil poder vetar acre.amazon). Também não está oferecendo dinheiro, apenas brindes em serviços da Amazon, tipo dar espelhinhos para os índios...
  • A ICANN não pode cobrar o preço que quiser por um TLD; os únicos em que ela recebeu algum valor a mais foram os que tinham mais de um candidato e foram a leilão, como o .web que saiu por 135 milhões de dólares. No caso da Amazon, apenas a Amazon, Inc. que conhecemos do amazon.com se candidatou. 
  • O .amazon sugerido pela Amazon não é para uso regional ou para uso compartilhado dela+regional; é para um TLD de uso exclusivo da própria Amazon
  • Havia reuniões da OTCA previstas sobre isso, mas a instabilidade política na Venezuela (um dos países membros) não está ajudando nesse aspecto. Qualquer representante que fosse implicaria aceitação ou do governo Maduro ou do governo Guaidó como legítimo, e os outros países da OTCA estão divididos nisso, com alguns reconhecendo Guaidó (como o Brasil e a Colômbia) e outros que não (como a Bolívia). 
  • A posição do CGI.br é contrária ao .amazon da Amazon, mas a carta em questão era apenas um pedido para a ICANN adiar a decisão já que as conversas da OTCA não tem sido possíveis. 
  • Como o .amazon só teve um candidato, se essa candidatura for indeferida, esse .gTLD não existirá. 

Quanto à gestão compartilhada: de fato, eu li errado. Tem um trecho nas resoluções de 16/09/18 que eu interpretei errado anteriormente. Lá diz que é uma coisa que o presidente da ICANN vai tentar negociar com a Amazon, não que ela ofereceu isso.

Eu também não tinha visto que o valor era em serviços.

Quanto à última linha do seu post: eu não tinha ciência de que um novo gTLD só pode receber candidaturas uma vez. Pensei que, sendo invalidadas a(s) candidatura(s) existentes, nova(s) candidatura(s) pudesse(m) ser aplicada(s) por outros interessados no futuro.

Obrigado pela colaboração, Rubens. Acho que foram correções pontuais e a maior parte do que eu entendi, tá certo. ?

Eu resolvi abrir o tópico aqui - e mandei a mesma msg como resposta no Tecnogrupo (Facebook) - pq estavam falando ladainhas sobre isso por lá e vi que ainda não tinha sido debatido no fórum, também.

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5 minutes ago, Renato Frota said:

Quanto à gestão compartilhada: de fato, eu li errado. Tem um trecho nas resoluções de 16/09/18 que eu interpretei errado anteriormente. Lá diz que é uma coisa que o presidente da ICANN vai tentar negociar com a Amazon, não que ela ofereceu isso.

Eu também não tinha visto que o valor era em serviços.

Quanto à última linha do seu post: eu não tinha ciência de que um novo gTLD só pode receber candidaturas uma vez. Pensei que, sendo invalidadas a(s) candidatura(s) existentes, nova(s) candidatura(s) pudesse(m) ser aplicada(s) por outros interessados no futuro.

Obrigado pela colaboração, Rubens. Acho que foram correções pontuais e a maior parte do que eu entendi, tá certo. ?

Eu resolvi abrir o tópico aqui - e mandei a mesma msg como resposta no Tecnogrupo (Facebook) - pq estavam falando ladainhas sobre isso por lá e vi que ainda não tinha sido debatido no fórum, também.

Não é que só pode ser uma vez, mas só pode ser em rodadas se/quando foram/forem abertas. Não é, ao menos por enquanto, um processo contínuo que aceite candidaturas a qualquer tempo. A candidatura atual do .amazon foi feita na rodada de 2012; a próxima rodada deve acontecer em 2022. Em tese, se a Amazon não conseguir, seria possível alguém tentar obter em 2022... 

... na prática isso é muito difícil, pois a própria Amazon entraria com objeção por direito marcário contra alguma empresa que se candidatasse. Talvez a OCTA, caso ela se candidatasse, conseguisse superar esse tipo de objeção. E aí a Amazon judicializaria a questão e deixaria a OCTA e a ICANN gastando com advogados até o inferno esfriar... 

 

 

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14 minutos atrás, rubensk disse:

Não é que só pode ser uma vez, mas só pode ser em rodadas se/quando foram/forem abertas. Não é, ao menos por enquanto, um processo contínuo que aceite candidaturas a qualquer tempo. A candidatura atual do .amazon foi feita na rodada de 2012; a próxima rodada deve acontecer em 2022. Em tese, se a Amazon não conseguir, seria possível alguém tentar obter em 2022... 

... na prática isso é muito difícil, pois a própria Amazon entraria com objeção por direito marcário contra alguma empresa que se candidatasse. Talvez a OCTA, caso ela se candidatasse, conseguisse superar esse tipo de objeção. E aí a Amazon judicializaria a questão e deixaria a OCTA e a ICANN gastando com advogados até o inferno esfriar... 

 

 

E o que você acha disso tudo (opinião pessoal, pois do cgi.br já sabemos)?

O que será que a OTCA quer, de verdade? Grana?

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1 minute ago, Renato Frota said:

E o que você acha disso tudo (opinião pessoal, pois do cgi.br já sabemos)?

O que será que a OTCA quer, de verdade? Grana?

Para um paulista como eu, a Amazônia é uma realidade muito distante... eu não me sinto capaz de especular sobre a sensibilidade real que os povos da Amazônia tenham em relação a isso. Mas havia um processo na candidatura de novos gTLDs que é o de objeção de comunidade; eu acho que o Brasil precisava ter tentado matar a questão nessa objeção. Esse julgamento aconteceu e a Amazon ganhou... então falhou-se em demonstrar a sensibilidade da comunidade. Eu não sei se a falha é porque a sensibilidade não existe (fático) ou porque não foi bem comunicada (procedural), exatamente porque estou muito longe para avaliar. 

(A decisão pode ser lida em https://newgtlds.icann.org/sites/default/files/drsp/03feb14/determination-1-1-1315-58086-en.pdf . )

A partir desse ponto ficou bem difícil impedir o .amazon de ser da Amazon. O que os dois lados tem feito é briga no tapetão... onde qualquer um pode ganhar, mas a Amazon entrou em vantagem e tem mais chance. 

Não me parece que a OCTA queira grana. Acho até que é parte da estratégia da Amazon tentar mostrar algum interesse da OCTA por dinheiro, pois isso seria uma mostra de má fé da OCTA e os ajudaria a liquidar a fatura. Os advogados de propriedade intelectual costumam aplicar esse truque para conseguir domínios em UDRP, e me parece que eles estão tentando uma versão continental disso. 

 

 

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39 minutos atrás, rubensk disse:

Para um paulista como eu, a Amazônia é uma realidade muito distante... eu não me sinto capaz de especular sobre a sensibilidade real que os povos da Amazônia tenham em relação a isso. Mas havia um processo na candidatura de novos gTLDs que é o de objeção de comunidade; eu acho que o Brasil precisava ter tentado matar a questão nessa objeção. Esse julgamento aconteceu e a Amazon ganhou... então falhou-se em demonstrar a sensibilidade da comunidade. Eu não sei se a falha é porque a sensibilidade não existe (fático) ou porque não foi bem comunicada (procedural), exatamente porque estou muito longe para avaliar. 

(A decisão pode ser lida em https://newgtlds.icann.org/sites/default/files/drsp/03feb14/determination-1-1-1315-58086-en.pdf . )

A partir desse ponto ficou bem difícil impedir o .amazon de ser da Amazon. O que os dois lados tem feito é briga no tapetão... onde qualquer um pode ganhar, mas a Amazon entrou em vantagem e tem mais chance. 

Não me parece que a OCTA queira grana. Acho até que é parte da estratégia da Amazon tentar mostrar algum interesse da OCTA por dinheiro, pois isso seria uma mostra de má fé da OCTA e os ajudaria a liquidar a fatura. Os advogados de propriedade intelectual costumam aplicar esse truque para conseguir domínios em UDRP, e me parece que eles estão tentando uma versão continental disso. 

 

 

Compreendo.

Na minha opinião, mesmo para os AmazonAS da AmazônIA, eu acho que .AMAZON, em inglês, "não fede nem cheira" e não faria diferença nenhuma não existir ou ser da Amazon, Inc.

Eu não sou fã da Amazon e, mesmo assim, penso que esse debate é excesso de frescura ?

Editado por Renato Frota
tentando ajustar a formação por causa da conversão da palavra amazon em links patrocinados da Angel, kkk
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